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terça-feira, 5 de julho de 2011

1001 livros para ler antes de morrer

Editor geral: Peter Boxall
Data: 2010
Editora: Sextante
Pgs: 960
Gênero: bibliografia
Assunto: livros selecionados

Todas essas listas de livros, filmes, ou qualquer outra coisa do gênero, sempre foram vistas por mim com bastante reticência. Afinal, é difícil selecionar os melhores livros ou filmes da humanidade, no meio de tantas obras geniais, e de gêneros tão diferentes. Mas encontrei uma que vai ao encontro do que o ser humano precisa. Um “catalogo” de obras não necessariamente “legais”, mas importantes elos entre a história e o ser humano, obras que marcam a história de seu pais de origem, ou um gênero literário, ou uma época. Independente do meu gosto literário, vejo os livros presentes nessa coletânea – e a ausência de livros que me agradam – como ícones de sua época, e da própria história do ser humano. Abstenha-se de seus preconceitos, e independente de suas preferências literárias, encare esses livros como referenciais históricos, mais do que apenas obras de entretenimento. Varias obras importantes, também de referencia cultural e histórica ficaram de fora, naturalmente, mas acredito que esta seleção, feita por mais de 120 profissionais relacionados à literatura e jornalismo, abrangiu com eficiência a história da literatura mundial, com livros dos quatro cantos do mundo, sendo o mais antigo o conhecido “As mil e uma noites”, e o mais recente, “The children’s book”, de A. Byatt. Alem desses, podemos encontrar também, “2001: uma odisséia no espaço”, de Arthur Clarke, “A cabana do pai Tomás”, de Harriet Stowe, “O assassinato de Roger Ackroyd”, de Agatha Christie, “Fundação”, de Isaac Asimov, “O guia do mochileiro das galáxias”, de Douglas Adams, “O Senhor dos anéis”, de J. R. R. Tolkien, “Os miseráveis”, de V. Hugo, “Laranja mecânica”, de A. Burgess, “Fogo morto”, de Jose Lins do Rego, “Guerra e paz”, de L. Tolstoi, “Contato”, de Carl Sagan, entre muitos.

1984

Autor: George Orwell
Data: 1949
Editora: Companhia das letras
Pgs: 362
Gênero: ficção distópica
Assunto: ditadura e lavagem cerebral

Imagine-se vivendo em um mundo onde “Guerra é paz. Liberdade é escravidão. Ignorância é força.” Esse é o lema do Socing, ou Ingsoc, o Partido que comanda a Oceania. Nessa distopia de Eric Arthur Blair, verdadeiro nome de George Orwell, o mundo do ano de 1984 é tripolarizado. De um lado, a Eurásia, liderada pela União Soviética, de outro a Lestásia, pela China, e a Oceania, encabeçada por EUA e Ilhas Britânicas. É nessa ultima que vive nosso camarada Winston Smith, numa terra de repressão absoluta. No mundo do Partido, não se pode cantar, não se pode amar, não se pode ter alegria ou prazer, ou momentos de raiva. Não pode existir vaidade, nem nada que caracterize liberdade ou individualidade. Tudo é pelo e para o Partido. O Partido é formado pelo Partido interno – os donos do poder – e pelo Partido externo – a massa de manobra. Fora do Partido, está a prole, ou os proletas, o lixo humano, a mão de obra escrava. Nesse mundo maravilhoso, onde o maior crime é a liberdade de pensamento, Winston decide ferir o Sistema, e começa a escrever seu diário. A partir daí, Winston sabe que está condenado. Pode ser amanhã ou daqui a dez anos, mas ele sabe que será morto, pois cometeu o pior dos erros, a Crimideia, ou nas versões mais novas, crimepensamento. Winston conhece Julia, os dois se apaixonam, e sabem que amar é apenas mais uma faceta da crimideia, mais uma forma de ir contra o Sistema, e sabem que serem pegos é uma questão de tempo.
A distopia de Orwell, lançada um ano antes da sua prematura morte, em 1950, é o romance mais importante do século XX e um dos mais importantes da história da humanidade. Criado no âmago da Guerra Fria, 1984 traz a caracterização do nazismo, do fascismo e da própria ditadura soviética. Orwell, que se declarava socialista, via na sociedade de Stalin a destruição de todo e qualquer ideal comunista. E tudo isso é visto no livro, onde tudo que o Partido faz é criar a ilusão de que nunca se viveu tão bem, quando a verdade é que tudo o que o Partido quer é o Poder, e mais Poder. Orwell acertou em cheio varias “previsões”, como o mundo dividido em pólos, e a presença maciça da teletela, traduzida hoje pela internet, local onde você despeja tudo que gosta, pensa, todos os seus medos, alegrias, enfim, a teletela do século XXI, assim como a do livro, ou até mais eficientemente, agarra-se ao ser humano, deixando-o, ao contrario do que se pensa, preso. É um romance fácil de se ler, com uma linguagem ágil, e cheio de reviravoltas, que às vezes podem entristecer o leitor, mas necessárias, afinal o verdadeiro romance social não é aquele do final feliz, mas é aquele que mostra a realidade. E a realidade não é feliz, porque a vida não é justa. É um livro para ser lido na escola, pois traz a tona a faceta mais podre do século XX, descrita com detalhes assustadores e fascinantes.